O Que é uma Crise Convulsiva Febril e Como Identificar?
O que é uma crise convulsiva febril?
A crise convulsiva febril é uma convulsão que ocorre em crianças com febre (temperatura igual ou superior a 38ºC), sem sinais de infecção do sistema nervoso central (SNC) ou distúrbios metabólicos, e sem histórico de crises convulsivas afebris anteriores. Essa condição é relativamente comum, especialmente em crianças entre seis meses e cinco anos de idade. A crise convulsiva febril é, na maioria das vezes, benigna e não resulta em danos neurológicos a longo prazo. Embora a visão de uma criança em convulsão seja assustadora para os pais, é importante saber que, na maioria dos casos, a crise cessa sozinha e sem complicações permanentes.
As convulsões febris têm uma forte componente genética, com histórico familiar sendo comum entre as crianças afetadas. Embora o termo “convulsão” possa evocar imagens de emergências graves, a crise febril simples, que ocorre na maioria dos casos, geralmente não leva a problemas neurológicos a longo prazo, e a criança se recupera completamente após a crise.
Como diferenciar uma crise febril simples de uma complexa?
Existem dois tipos principais de crises convulsivas febris, que podem ser diferenciados pelas suas características:
- Crise Febril Simples: É a forma mais comum, representando cerca de 75% dos casos. Caracteriza-se por convulsões generalizadas tônico-clônicas (todo o corpo envolvido) com duração curta (menos de 15 minutos), sem repetição dentro de 24 horas e um período pós-ictal breve, no qual a criança pode ficar sonolenta ou confusa por um curto período de tempo.
- Crise Febril Complexa: Ocorre em aproximadamente 25% dos casos e apresenta características mais preocupantes. Pode incluir crises com início focal (apenas parte do corpo está envolvida), crises com duração superior a 15 minutos, sinais neurológicos prolongados no período pós-ictal (como fraqueza em um membro), ou crises que se repetem dentro de 24 horas. Esses casos requerem maior atenção médica e investigação para descartar outras condições neurológicas.
Como é feito o diagnóstico de crise febril?
O diagnóstico de crise convulsiva febril é, em grande parte, clínico, baseado na história de febre e convulsões em uma criança previamente saudável. No entanto, em alguns casos, exames complementares podem ser necessários para garantir que não haja outra causa subjacente para as convulsões. Estes exames incluem:
- Liquor (punção lombar): É indicado em crianças menores de seis meses ou em crianças entre 6 e 12 meses que não foram vacinadas contra patógenos como Haemophilus influenzae tipo B ou Streptococcus pneumoniae. Também pode ser recomendado se a criança estiver usando antibióticos ou apresentar sinais de infecção do SNC.
- EEG (Eletroencefalograma): Geralmente não é necessário em crises febris simples, mas pode ser recomendado para crises febris complexas ou se houver alterações no exame neurológico da criança.
- Neuroimagem: Exames como tomografia computadorizada ou ressonância magnética são raramente necessários, mas podem ser indicados se houver crises focais ou sinais neurológicos localizadores (como paralisia ou fraqueza em uma parte do corpo).
Qual é o tratamento para uma crise convulsiva febril?
Na maioria dos casos, as crises convulsivas febris cessam sozinhas e rapidamente. No entanto, se a crise durar mais de cinco minutos, medidas de emergência devem ser tomadas para proteger a criança e reduzir o risco de complicações. As principais ações incluem:
- Manter a via aérea da criança aberta e garantir oxigenação adequada.
- Posicionar a criança de lado para prevenir asfixia, caso ela vomite ou tenha secreções durante a convulsão.
- Se a crise persistir, pode ser necessário estabelecer um acesso venoso para administrar medicamentos anticonvulsivantes, como benzodiazepínicos intravenosos.
Após o término da crise, o controle da febre é essencial. O uso de medicamentos antipiréticos, como paracetamol ou ibuprofeno, pode ajudar a reduzir a temperatura da criança, mas é importante lembrar que, embora esses medicamentos ajudem a baixar a febre, eles não previnem novas crises convulsivas.
Quais são os fatores de risco para recorrência de crises febris?
Crianças que já tiveram uma crise convulsiva febril têm um risco maior de ter outra. Os principais fatores que aumentam o risco de recorrência incluem:
- Primeira crise ocorrendo em idade precoce (menos de um ano).
- Grau de elevação da temperatura: Curiosamente, o risco de recorrência é maior quando a febre está entre 38ºC e 39ºC, em vez de temperaturas muito altas.
- Duração da febre antes da primeira crise: Se a febre estiver presente por menos de uma hora antes da crise, o risco de uma nova convulsão é maior.
- História familiar de crises convulsivas febris ou epilepsia.
Qual é o risco de epilepsia após uma crise febril?
O risco de desenvolver epilepsia após uma crise convulsiva febril é baixo, variando de 1,5% a 4,6%, dependendo de vários fatores. Fatores que aumentam o risco incluem:
- História familiar de epilepsia.
- Crises febris focais (envolvendo apenas uma parte do corpo).
- Alterações no exame neurológico da criança ou sinais de atraso no desenvolvimento.
A maioria das crianças com crises convulsivas febris simples não desenvolve epilepsia e cresce sem problemas neurológicos. No entanto, as crianças que tiveram crises febris complexas têm um risco ligeiramente maior de desenvolver epilepsia no futuro.
Quando devo procurar um médico?
Se a criança tiver uma crise convulsiva febril, é crucial procurar orientação médica, especialmente se for a primeira vez. O médico poderá avaliar a criança, garantir que o diagnóstico seja correto e discutir estratégias para controlar a febre e prevenir futuras crises. Além disso, se a convulsão durar mais de cinco minutos ou se a criança apresentar crises repetidas em um curto espaço de tempo, é importante procurar atendimento de emergência para garantir a segurança e o bem-estar da criança.
Para saber mais, visite a página do Dr. Elias El Mafarjeh.
Com o tratamento adequado e o monitoramento da febre, é possível controlar essa condição de forma eficaz e minimizar o impacto das crises convulsivas febris na vida da criança.