Asma em Crianças

Entenda como a asma afeta crianças, seus sintomas, diagnósticos e como gerenciar essa condição crônica com tratamento adequado.
Pediatra

Pediatra

Dr. Elias El Mafarjeh
RQE Nº 99527

Asma em Crianças: Entendendo e Gerenciando a Doença

Asma em Crianças: Entendendo e Gerenciando a Doença

A asma é a doença pulmonar crônica mais comum na infância, afetando até 24% das crianças entre 6 e 7 anos no Brasil. Trata-se de uma condição heterogênea, caracterizada pela hiper-responsividade das vias aéreas e uma inflamação crônica que persiste mesmo na ausência de sintomas ou quando a função pulmonar está normal. A principal característica da asma é a inflamação das vias aéreas, causada principalmente por eosinófilos, e o tratamento é baseado no uso de medicamentos anti-inflamatórios, como os corticosteroides inalatórios.

O que é a Asma?

A asma é uma doença inflamatória das vias aéreas que provoca episódios de:

  • Chiado no peito (sibilância)
  • Tosse
  • Falta de ar
  • Sensação de aperto no peito

Esses sintomas ocorrem devido à inflamação e ao estreitamento das vias aéreas, levando a dificuldades respiratórias.

Patogênese da Asma

A asma decorre da inflamação crônica das vias aéreas, caracterizada por:

  • Hiperreatividade das vias aéreas: Reação exagerada a estímulos, como alergias ou irritantes.
  • Inflamação crônica: Causada por eosinófilos, um tipo de célula inflamatória.
  • Crises asmáticas: Episódios de broncoespasmo (estreitamento das vias aéreas) que causam dificuldade para respirar.

A inflamação persiste mesmo quando os sintomas desaparecem, mas pode ser controlada com tratamento adequado.

Fenótipos da Asma

A asma pode se apresentar de diferentes maneiras, conhecidas como fenótipos. Esses fenótipos podem influenciar a resposta ao tratamento. Embora o fenótipo possa mudar ao longo da vida, na maioria dos casos leves e moderados, identificar o fenótipo não prevê a resposta ao tratamento. Aqui estão alguns dos principais fenótipos:

Asma Alérgica

  • Clínica: Início na infância, frequentemente associada a histórico familiar de alergias.
  • Marcador Inflamatório: Eosinofilia periférica e escarro eosinofílico ≥ 2,5%.
  • Resposta Terapêutica: Boa resposta a corticosteroides inalatórios (CI).

Asma Não Alérgica

  • Clínica: Associada a infecções virais das vias aéreas superiores e ausência de atopia.
  • Marcador Inflamatório: Escarro neutrofílico ≥ 54% ou paucigranulócitos.
  • Resposta Terapêutica: Menor resposta a corticosteroides inalatórios.

Asma com Obesidade

  • Clínica: Início mais tardio na vida, frequentemente associada a obesidade.
  • Marcador Inflamatório: Escarro com celularidade mista.
  • Resposta Terapêutica: Resistente a corticosteroides inalatórios.

Diagnóstico da Asma

O diagnóstico da asma é baseado em:

  • História Clínica: Avaliação dos sintomas e histórico médico.
  • Exame Físico: Inclui a ausculta dos pulmões para verificar a presença de sibilos.
  • Testes Pulmonares: Espirometria para medir o fluxo de ar e a função pulmonar. Em crianças mais novas, o diagnóstico pode ser baseado em sintomas e resposta ao tratamento.

Além dos testes pulmonares e da história clínica, o pediatra também pode solicitar exames adicionais, como testes de alergia, para identificar possíveis fatores desencadeantes. Esses testes ajudam a personalizar o tratamento e evitar crises, o que é fundamental para a qualidade de vida da criança.

Tratamento e Manejo

O tratamento da asma visa controlar a inflamação e prevenir crises. As principais abordagens incluem:

  • Corticosteroides Inalatórios (CI): Para reduzir a inflamação crônica das vias aéreas.
  • Broncodilatadores: Para aliviar os sintomas durante uma crise asmática.
  • Evitação de Desencadeantes: Identificar e evitar fatores que podem provocar os sintomas, como alérgenos e irritantes.
  • Plano de Ação para Asma: Um plano personalizado desenvolvido com o pediatra para monitorar e gerenciar os sintomas, incluindo instruções sobre medicações e como lidar com crises.
  • Imunoterapia: Em alguns casos, a imunoterapia pode ser recomendada para crianças com asma alérgica, com o objetivo de reduzir a sensibilidade aos alérgenos.

Além das medicações, é importante educar os cuidadores sobre como identificar os primeiros sinais de uma crise e quando procurar ajuda médica de emergência. A prevenção é essencial, e o uso correto dos inaladores pode evitar complicações graves.

Conclusão

Embora a asma seja uma condição crônica, a maioria das crianças pode levar uma vida ativa e saudável com o tratamento adequado. O acompanhamento médico regular e o uso apropriado dos medicamentos são essenciais para o controle eficaz da asma. A educação da família e o plano de ação também são ferramentas importantes para garantir que a criança consiga gerenciar a doença no dia a dia, evitando crises e mantendo uma boa qualidade de vida.