Asma em Crianças: Entendendo e Gerenciando a Doença
A asma é a doença pulmonar crônica mais comum na infância, afetando até 24% das crianças entre 6 e 7 anos no Brasil. Trata-se de uma condição heterogênea, caracterizada pela hiper-responsividade das vias aéreas e uma inflamação crônica que persiste mesmo na ausência de sintomas ou quando a função pulmonar está normal. A principal característica da asma é a inflamação das vias aéreas, causada principalmente por eosinófilos, e o tratamento é baseado no uso de medicamentos anti-inflamatórios, como os corticosteroides inalatórios.
O que é a Asma?
A asma é uma doença inflamatória das vias aéreas que provoca episódios de:
- Chiado no peito (sibilância)
- Tosse
- Falta de ar
- Sensação de aperto no peito
Esses sintomas ocorrem devido à inflamação e ao estreitamento das vias aéreas, levando a dificuldades respiratórias.
Patogênese da Asma
A asma decorre da inflamação crônica das vias aéreas, caracterizada por:
- Hiperreatividade das vias aéreas: Reação exagerada a estímulos, como alergias ou irritantes.
- Inflamação crônica: Causada por eosinófilos, um tipo de célula inflamatória.
- Crises asmáticas: Episódios de broncoespasmo (estreitamento das vias aéreas) que causam dificuldade para respirar.
A inflamação persiste mesmo quando os sintomas desaparecem, mas pode ser controlada com tratamento adequado.
Fenótipos da Asma
A asma pode se apresentar de diferentes maneiras, conhecidas como fenótipos. Esses fenótipos podem influenciar a resposta ao tratamento. Embora o fenótipo possa mudar ao longo da vida, na maioria dos casos leves e moderados, identificar o fenótipo não prevê a resposta ao tratamento. Aqui estão alguns dos principais fenótipos:
Asma Alérgica
- Clínica: Início na infância, frequentemente associada a histórico familiar de alergias.
- Marcador Inflamatório: Eosinofilia periférica e escarro eosinofílico ≥ 2,5%.
- Resposta Terapêutica: Boa resposta a corticosteroides inalatórios (CI).
Asma Não Alérgica
- Clínica: Associada a infecções virais das vias aéreas superiores e ausência de atopia.
- Marcador Inflamatório: Escarro neutrofílico ≥ 54% ou paucigranulócitos.
- Resposta Terapêutica: Menor resposta a corticosteroides inalatórios.
Asma com Obesidade
- Clínica: Início mais tardio na vida, frequentemente associada a obesidade.
- Marcador Inflamatório: Escarro com celularidade mista.
- Resposta Terapêutica: Resistente a corticosteroides inalatórios.
Diagnóstico da Asma
O diagnóstico da asma é baseado em:
- História Clínica: Avaliação dos sintomas e histórico médico.
- Exame Físico: Inclui a ausculta dos pulmões para verificar a presença de sibilos.
- Testes Pulmonares: Espirometria para medir o fluxo de ar e a função pulmonar. Em crianças mais novas, o diagnóstico pode ser baseado em sintomas e resposta ao tratamento.
Além dos testes pulmonares e da história clínica, o pediatra também pode solicitar exames adicionais, como testes de alergia, para identificar possíveis fatores desencadeantes. Esses testes ajudam a personalizar o tratamento e evitar crises, o que é fundamental para a qualidade de vida da criança.
Tratamento e Manejo
O tratamento da asma visa controlar a inflamação e prevenir crises. As principais abordagens incluem:
- Corticosteroides Inalatórios (CI): Para reduzir a inflamação crônica das vias aéreas.
- Broncodilatadores: Para aliviar os sintomas durante uma crise asmática.
- Evitação de Desencadeantes: Identificar e evitar fatores que podem provocar os sintomas, como alérgenos e irritantes.
- Plano de Ação para Asma: Um plano personalizado desenvolvido com o pediatra para monitorar e gerenciar os sintomas, incluindo instruções sobre medicações e como lidar com crises.
- Imunoterapia: Em alguns casos, a imunoterapia pode ser recomendada para crianças com asma alérgica, com o objetivo de reduzir a sensibilidade aos alérgenos.
Além das medicações, é importante educar os cuidadores sobre como identificar os primeiros sinais de uma crise e quando procurar ajuda médica de emergência. A prevenção é essencial, e o uso correto dos inaladores pode evitar complicações graves.
Conclusão
Embora a asma seja uma condição crônica, a maioria das crianças pode levar uma vida ativa e saudável com o tratamento adequado. O acompanhamento médico regular e o uso apropriado dos medicamentos são essenciais para o controle eficaz da asma. A educação da família e o plano de ação também são ferramentas importantes para garantir que a criança consiga gerenciar a doença no dia a dia, evitando crises e mantendo uma boa qualidade de vida.